6.9.10

O pomar

Ele sempre gostou de fazer caminhadas, principalmente entre bosques e florestas
Era periíodo de férias e resolveu viajar até a pequena cidade do interior onde viviam seus avós.
Quase cinco horas de ônibus mas as paisagens valiam a pena, plantações, rios, vales e riachos.
E muito verde a ar puro.
Há 3 anos não conseguia tirar férias e voltar a ver os avós.
Estava ansioso.
Foi recebido na pequena rodoviária com festa e alegria. Beijos e abraços.
Seu avô, apesar da idade, ainda dirigia muito bem, e foram conversando até chegarem ao sítio onde moravam.
No segundo dia das férias resolveu sair para caminhar pelas trilhas que ele conhecia tão bem desde seus tempos de infância.
A princípio tudo lhe pareceu familiar, mas depois de meia hora de caminhada, tudo pareceu ficar diferente.
As árvores pareceram bem maiores, mais escuras e assustadoras, e a trilha parecia se estreitar a cada passo.
Em pouco tempo notou que estava completamente perdido.
O tempo foi passando bem rápido, e começou a escurecer.
Não se desesperou, tentou voltar , sem êxito.
Sentiu fome.

Notou algumas árvores frutíferas, porém não conseguiu definir que frutas eram., mas viu que estavam maduras e exalavam um cheiro muito bom.
Dava para ver que algumas haviam sido bicadas por aves, indicando portanto que não eram venenosas, e como sentia fome, colheu uma, sentou-se junto ao tronco e saboreou-a, sentindo sua polpa macia e suculenta de um sabor único.
Estranhamente sentiu um sono profundo e inesperado, que não conseguiu controlar.
Dormiu.


Ao abrir os olhos, viu-se em amplo pomar com árvores carregadas de frutas.
Aproximando-se notou com espanto o estranho formato das frutas, eram fetos. Fetos vivos, se movendo, algumas frutas apresentavam rachaduras, de onde vertia um líquido viscoso, transparente e mesclado com algo que parecia sangue.
Seu estômago deu um nó ao notar que a fruta que havia acabado de comer era uma delas e ainda estava segurando em sua mão agora lambuzada com aquela gosma.
Jogou imediatamente ao chão.
O pomar se extendia á perder de vista.
Ao redor dos troncos notou um líquido negro.
Viu algumas pessoas com amplos chapéus e com estranhos regadores de onde saiam pequenas mangueiras e seguiam até se introduzirem nas costas dos "jardineiros", bem na região lombar.
Pela distâmcia em que se encontrava, não coseguia definir exatamente o que eram aquelas coisas.
Aproximou-se.
Abriu a boca mas nenhum som saiu. Estava paralisado ao ver que o líquido que caia dos regadores era sangue, sangue que saia direto do corpo das pessoas que carregavam os regadores.
Imobilizado, assustado e em pânico tentou se virar e correr.
Foi visto pelos "jardineiros" que o olharam fixamente. Foi quando ele notou que eram deformados, sem bocas e sem olhos, apenas dois buracos negros onde deveria existir olhos.


Muitos outros surgiram, agarraram-no.
Abriram uma cova onde enfiaram seus pés, cobrindo com terra e regando com sangue até sentir que seus pés estavam molhados com o líquido quente.
Ele sentiu seus pés se enraizarem ao solo. Suas pernas e braços se transformando em tronco e galhos.
Não conseguia gritar ou se mover.
Sentiu flores e folhas surgirem.
As flores se transformando e gerando frutas.
Frutas fetos.
Desesperado, viu pessoas colhendo frutas, a dor ao ser arrancada.
Um gemido mudo. Uma dor sufocada.
A noite, o dia, a noite e o dia novamente.
Sente alguém segurando seu galho e balançando.
Ouve alguém o chamando pelo nome.
Acorda e está sentado junto ao tronco.
À sua frente seus avós olhando para ele pacientemente.
- Estamos te procurando há 3 dias. Vamos para casa, venha.
Ele nota que a fruta com algumas mordidas ainda está em sua mao e de onde sai algumas larvas .
Joga ao chão e se levanta.
Para ele parece ter se passado apenas alguns minutos.
- Vamos, e não fique comendo frutas que você não conhece. Podem fazer mal.
Era a voz de sua avó olhando para seu avô.
Ele acompanha seus avós.
Ao olhar para trás, vê o pomar e os "jardineiros" com seus regadores e grandes chapéus,
Acenam para ele.
Ele nota também uma cova vazia.....

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são bem vindos.